21/05/2003 - Isto É

O livro O que é Meditação foi parte da matéria sobre meditação da revista Isto É de 21/05/2003.
Devido a importância atual do tema, Meditação foi chamada de capa da revista.
Abaixo seguem alguns dos principais pontos abordados na matéria.
Você pode ler a matéria completa no site:
http://www.terra.com.br/istoe/1755/comportamento/1755_especial_silencio_mente_01.htm

Assim como a psicanálise entrou na moda nos anos 70 e 80, quando nenhum intelectual que se prezasse escaparia do crivo de Freud, Lacan ou Jung, a meditação está virando uma ferramenta indispensável na busca do autoconhecimento e da felicidade. Até astros como Richard Gere e Madonna aderiram à prática. No Brasil, artistas, executivos, políticos e profissionais liberais já a utilizam como arma contra o stress.

A meditação é uma prática milenar utilizada não só pelos orientais há mais de cinco mil anos, mas também pelos povos indígenas do Ocidente.

A meditação ganhou projeção no Ocidente principalmente quando celebridades como os Beatles, na década de 60, começaram a se interessar pelo assunto.Também cresceu com a propagação do budismo, a doutrina criada na Índia há cerca de 2.500 anos, pelo príncipe Sidarta Gautama, o Buda, que abandonou a realeza em busca de iluminação espiritual.

Sandra Rosenfeld
Sandra Rosenfeld conta em livro sua busca pela técnica: “Hoje exercito sozinha, duas vezes ao dia”.

Independentemente da linha, religiosa ou não, que a adote, ela é sempre um meio de entrar em contato consigo mesmo. Em quase todas as versões, consiste em se dedicar um tempo para aquietar-se, prestar atenção na respiração ou criar imagens ou emoções agradáveis. A maioria adota um mantra, uma frase ou uma palavra a ser repetida. Grande parte das práticas disponíveis no Brasil consta do livro O que é Meditação (Ed. Nova Era), recém-lançado pela comerciante carioca Sandra Rosenfeld, 48 anos. Em pouco mais de 100 páginas, a autora discorre sobre como e por que meditar, de forma agradável e quase didática. “Comecei há dez anos e no início frequentei templos, mas hoje exercito sozinha, durante 40 minutos, quando acordo e antes de dormir”, conta ela.

Os benefícios físicos e mentais não só desta, mas de qualquer tipo de meditação, são inquestionáveis e já admitidos pela medicina. Em março de 2000, cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, fizeram testes neurológicos em monges tibetanos com equipamentos de última geração. Descobriram que o lado esquerdo da região frontal do cérebro, responsável pela alegria e pelo entusiasmo, entrava em alta atividade elétrica durante a meditação.

No início dos anos 70, Herbert Benson, presidente e fundador do Instituto Médico Corpo/Mente da Escola de Medicina da Universidade de Harvard, batizou de “resposta de relaxamento” o que acontece no corpo quando uma pessoa medita. Segundo a psiquiatra carioca Vera Antoun, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, a prática reduz o metabolismo, levando a um estado de repouso profundo. “Permite que haja uma diminuição do excesso de estímulos que recebemos”, explica.

De acordo com o médico carioca José Luiz Picassi, professor de clínica médica da Uerj, técnicas de relaxamento, como a meditação, são eficazes em pacientes hipertensos. “Não evita o uso do remédio, mas reduz a necessidade do uso”, esclarece. Isso sem falar nos efeitos psicológicos para quem enfrenta doenças graves e encontra conforto no mergulho da espiritualidade.

O psicanalista pernambucano Benilton Bezerra, radicado no Rio, enaltece o aspecto social da meditação – ou o que ele chama de “implicação com o sofrimento de todos os seres”. Para ele, quem medita passa a interagir melhor com o ambiente. “Atenua a divisão entre o eu e o mundo”, explica.